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quinta-feira, 16 de junho de 2011

VOCÊ ACREDITA EM DEUS?




VOCÊ ACREDITA EM DEUS?
Carlos André Cavalcanti[1]

Esta foi a pergunta que o radialista me fez num programa ao vivo em plena Semana Santa. Eu sou parte da maioria de 84% de brasileiros que acreditam Nele, segundo pesquisa da Ipsos divulgada pela Agência Reuters com grande repercussão no Brasil. Somos o terceiro país mais crente do mundo, atrás apenas dos muçulmanos Indonésia (93%) e Turquia (91%). Consequentemente, somos a nação cristã melhor colocada na amostra que entrevistou 18.829 adultos. Além disso, somos terceiro colocados também na crença na vida após a morte (32%), atrás de México e Rússia.
Falar sobre religião no Brasil é ter um assunto bom. O país apresenta um dos mapas religiosos mais ricos e específicos do mundo. Tivemos uma origem colonial que nos legou um povo fortemente religioso. A ação secularizadora dos “homens cultos” – que eram cristãos teologizados pelas reformas protestante e católica – devastou muitas tradições religiosas na Europa entre os séculos XVI e XIX, mas chegou por aqui com força bem menor. Na colônia brasilis o clero era escasso e, em média, menos preparado que o europeu. Além disso, ficava “preso” ao conforto do litoral.
O Brasil colonial nunca foi efetivamente evangelizado pelo clero, mas o povo trazia consigo uma religiosidade popular de origem medieval que dissimula até hoje as tentativas de enquadramento romanizador feitas pela Igreja Católica, que detém a imensa maioria dos fiéis. Se somamos aí a presença da tradição afro-brasileira, a força do espiritismo kardecista e a chegada das diversas denominações evangélicas ao país, principalmente após o advento da República, temos os fatores que incrementaram outras formas de religiosidades, aprofundando a crença em Deus.
A pesquisa reflete esta história. É bom ressaltar que acreditar em Deus não é sinônimo de atraso ou ignorância, como ainda pensam muitos. Os dados históricos que confrontam desenvolvimento e fé mostram, pelo contrário, que as nações mais desenvolvidas do mundo ocidental – e do mundo todo, portanto – são marcadas pela Ética Protestante, como demonstrou Max Weber no livro mais influente das ciências humanas no século passado: A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. A idéias de que a religião seria rima para atraso veio de outro grande pensador das humanidades, Karl Marx, mas não se verifica fora da realidade em que foi escrita. Ou seja, para criticar a posição de parte significativa do clero em favor das “classes dominantes” na época (século XIX).
Assim, a notícia da forte crença em Deus entre os brasileiros é muito positiva. Tem, inclusive, provável repercussão no equilíbrio social e na Saúde Mental do nosso povo, pois a relação entre espiritualidade e saúde já é aceita cientificamente. É um diferencial positivo para o país nesta globalização, pois equilibra as pessoas e enriquece o nosso produto interno cultural, que pode representar ganhos e até bons negócios. A forte onda histórica que marcou uma posição racionalista radical por vários séculos e secularizou tantas nações está se esvaindo em todo o Ocidente. O reencantamento da fé marca o início do século XXI. Neste processo, já partimos com vantagem.

(TEXTO ENVIADO PELO PROFº.DRº.CARLOS ANDRÉ CAVALCANTI , COLABORANDO PARA O BLOG)



[1] Professor da UFPB nas áreas de História e Ciências das Religiões. Doutor em História.

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