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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Aspectos Linguísticos e características da LIBRAS



(Alunos do curso de Ciências das religiões também estudam LIBRAS, abaixo um trabalho apresentado em sala de aula)

Aspectos Linguísticos e características da LIBRAS¹
 


Rivânia Carneiro, Agnise Martins,Thalisson Pinto,Rita Francisco,Verônica Silva, Gustavo Targino²






1 - Aspectos linguísticos da LIBRAS

            Na língua de Libras utilizada pelas pessoas surdas um aspecto importante e primordial é o campo visual, aliado ao espacial, visto que são eles que dão "vida" aos gestos que são utilizados na conversa. Com isso, temos outro aspecto na língua de sinais que é a liberdade na linguística dos sinais, neste momento entra em ação as imagens icônicas (o sinal apresenta semelhança com o significado) ou arbitrário (não tendo semelhança com o conteúdo).
Na língua se sinais tão importante quanto os sinais, são as expressões e movimentos feitos com a cabeça que são considerados marcas não-manuais, pois só os sinais não são capazes de expressar totalmente o que se quer dizer, ou melhor, as expressões aliadas aos gestos dão ênfase ao sinal.
A língua de sinais esta presente em todos os lugares em que tenha pessoas, pois devido a necessidade de comunicação vai sempre existir uma forma dessa comunicação acontecer. Contudo, percebemos uma diferenciação nestas línguas. No Brasil, temos a LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais e por sermos um país de extensão tão grande, já temos algumas diferenças de estado para estado, o mesmo se dá de país a país. 
A língua de sinais, como as outras línguas, sofre alterações no seu vocabulário. Temos como exemplo, a tecnologia que envolve as mídias sociais, internet, email etc. Estes vocábulos, foram inseridos no contexto da língua de sinais. Outro exemplo são algumas mudanças que alguns sinais sofreram ao longo do tempo, de forma normal como até mesmo nossa língua oral e escrita portuguesa que sofreu mudanças em sua ortografia.
Como outra língua, a língua de sinais tem em sua forma de composição de palavras que usa mais de um sinal para designar uma sentença. 





2 – A Língua de LIBRAS inclui segmentos sonoros discretos, universais semânticos, formas para indicar tempo passado, negação, pergunta; e todos podem aprender.

            Na LIBRAS há segmentos sonoros discretos, como as unidades constitutivas do sinal, que são:
                        - Configuração de mão (CM)
                        - Ponto de Articulação (PA)
                        - Movimento (M)
                        - Orientação (O)
                        - Expressões não-manuais (ENM)
            Na configuração de mão temos a forma como a mão vai se posicionar para fazer o gesto, e há uma tabela padrão com essas configurações.
            No ponto de articulação temos o posicionamento da mão em relação ao local do corpo onde o sinal é feito, se próximo ao rosto ou ao tórax por exemplo.
O movimento pode ser circular, semi-circular, reto, tem a ver com a direção do movimento que a sua mão vai fazer.
A orientação é a direção da mão, pode ser para dentro, para fora, para cima, para baixo, para frente, para trás.
As expressões não manuais são um complemento para a comunicação gestual, é a expressão do rosto, o movimento do pescoço e do corpo de um modo geral que se faz enquanto se está realizando o gesto.
Em relação aos universais semânticos, que são características que estão presentes em todas as línguas, como macho e fêmea, aqui também os encontramos, e a diferença nos sinais está em relação a codificação do traço. Também acerca das formas que indicam tempo passado, negação, pergunta, comando, também temos aqui estas formas. E ainda os universais sintáticos para formar sentenças estão presentes na língua de sinais.
LIBRAS é uma língua como qualquer outra, e qualquer pessoa pode aprender, seja adulto ou criança, e o seu aprendizado requer atenção e disciplina, como também isto ocorre nas outras línguas.


3 - A língua de sinais é artificial? Tem gramática?

 A Língua de Sinais nos últimos anos passa a ser reconhecida pela evolução linguística construída pelos estudiosos entre eles destaco o americano William Stokoe que em 1960 inova com contribuições da ciência, estruturando “a teoria da língua de sinais” com padrão cultural e natural para a comunidade surda. No entanto, essa nova perspectiva, possibilitou construir parâmetros universais da linguística sendo “próprio”, ou seja, um modelo de língua específica para os surdos, pois assim deveria ser considerada.  
Com os avanços de pesquisas de estudiosos, a língua de sinais torna-se identidade linguística, com suas próprias características, tendo assim, um perfil adequado. GESSER (1971) publicou o livro “Libras? Que língua é essa?” No qual descreve questionamentos e posicionamentos da língua no contexto da linguística e da Língua em si como modelo universal, porém discernido, as concepções que influenciam até os dias atuais, tais como: a língua de sinais é Artificial? Tem gramática?
Com base no texto, pontuamos aspectos pela reflexão; sobre o posicionamento do autor com relação aos dois questionamentos; o primeiro refere-se ao contexto da língua e da importância da cultura como elemento que interliga os aspectos estabelecidos pelos grupos sociais, sendo assim, o autor aponta dois componentes de caráter dúplice, o esperanto como língua oral e o gestuno como língua de sinais sendo considerados artificiais, embora considerando a existência de práticas específicas construída pelas diferentes “ideologias” das comunidades surdas, ao estabelecer esse padrão internacional, considerando que o esperanto e o gestuno, segundo GESSER (1971, p. 13) precisam ser construídas e planejadas de acordo com a referência da nação e da cultura inserida no contexto.  
A segunda questão o autor enfatiza o discurso da gramática e do desenvolvimento linguístico, a partir de avaliações gramaticais, fonológicas, morfológicas da língua de sinais. Usando alternativas para a práxis no processo, ou seja, os cinco parâmetros, Configuração das Mãos, Pontos de Articulação Orientação e o Movimento Expressão Facial e/ou corporal, que transmitem diretamente no posicionamento do emissor, corpo/espaço.
Com base nessa reflexão, é notório percebermos que, a influência dos estudiosos e de pesquisas foram importantes para difusão da língua de sinais na sociedade, “graças” a esse processo, houve transformações frente ao pluralismo da cidadania e diversidade, pois com  os novos parâmetros,  temos os cursos de formação em educação de surdo, demais licenciaturas e cursos superiores das instituições de ensino público no Brasil são complementados com Libras no currículo. Essa afirmação, fortifica nosso discurso ideológico de educação e das novas vigências legais, podendo assim abrir o espaço direcionando ao trabalho da inclusão dos surdos na família, escola e  sociedade.

4 - A língua dos surdos é MÍMICA?

            O autor apresenta resultados de estudos onde demonstra a diferença entre a mímica e os sinais que em certas circunstâncias, no passado, foram utilizados pelos surdos, usuários da Língua de Sinais Americana, mas que posteriormente estabeleceram-se critérios para diferenciá-las. Ao ouvir tal pergunta considera-a um tanto preconceituosa e relacionada a ela estão várias nomenclaturas desagradáveis direcionadas aos surdos, o que o leva a alertar para tais usos e também para as informações contidas em dicionários da Língua Portuguesa que se propõe a definir e perpetuar conceitos negativos a língua dos surdos, além das formas que são utilizadas para diminuírem o status da Língua de Sinais, inferiorizando-a e comparando-a a mímica. Portanto, o autor responde negativamente a questão, pois os estudos comprovam que a pantomima, ou seja, a mímica, esforça-se para que a pessoa perceba o “objeto”, já na Língua de Sinais o objetivo é fazer a pessoa perceber o símbolo estabelecido para esse objeto.



5 - A língua de sinais é um código secreto dos surdos?

O tormento dos surdos com relação à comunicação vem desde a antiguidade, pois, desde as priscas eras o preconceito levava-os a serem considerados incompetentes, sem condição de pensar, doentes mentais, preguiçosos, excluídos da sociedade, chegando ao absurdo de serem usados em sacrifícios, jogados nas fogueiras, privados de se comunicarem livremente através de sinais tendo, dessa forma, seus direitos desrespeitados a começar pelos próprios familiares e pelas escolas que geralmente negavam esta possibilidade, onde eram forçados a falar ou fazer leitura labial e castigados fisicamente quando desobedeciam. É neste panorama de tirania, discriminação, desvalorização e proibição que a sinalização passa a ser vista como um “código secreto”, sendo usada as escondidas pelos surdos e considerada exótica, obscena e agressiva por causa da exposição corporal que de fundamental importância para sua expressão.
Todos os seres vivos tem sua maneira peculiar de se comunicar, e pressupõe-se que o homem é o único dotado de uma língua. Logo, se a língua de sinais não é considerada uma língua, certamente os surdos não falam e consequentemente não são humanos... Ledo engano! Apesar da língua de sinais ser comparada muitas vezes a comunicação dos chimpanzés e dos surdos serem pensados como sem língua, estes, entre outros equívocos não foram suficiente para exterminar a língua de sinais que sobreviveu até os dias atuassem deixar nada a desejar para as línguas orais, uma vez que, além de muito bem estruturada em todos os níveis, tem sua gramática própria, como também características que lhe são típicas, tais como: criatividade, flexibilidade, descontinuidade e arbitrariedade.




6 - A língua de sinais é o alfabeto manual?

Não. Pensar nisso é acreditar que a língua de sinais é limitada, pois demorar-se-ia muito para expressar um diálogo apenas soletrando, porém há alguns casos que é permitido usar desse artifício:
·       Caso não exista um sinal para certa palavra;
·       Nomes próprios de pessoas ou lugares;
·       Siglas;
Além de existir vários alfabetos espalhados por diversos países, existe também alfabetos para surdo-cegos.
Deve-se ressaltar que o soletramento só é compreendido, tanto para quem executa como para quem vê, apenas se ambos tiverem conhecimento na língua oral de sua comunidade.


7 - A Libras “falada” no Brasil apresenta uma unidade?

Não. Da mesma forma que existe sotaques diferentes pelo Brasil, com relação a língua falada, também há sinais diferentes com o mesmo significado, a depender da região.
Não existe “sinal errado”, deve-se entender como uma variante da língua de sinais. A língua de sinais “passando de mão em mão” pode adquirir novas formas, variações e sotaques.
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¹ Trabalho apresentado na disciplina de LIBRAS- Curso de Ciências das Religiões/UFPB
² Acadêmicos do Curso de Licenciatura em Ciências das Religiões-UFPB


REFERÊNCIAS


GESSER, Audrei. LIBRAS? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima. Ensino de língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP, 2004.