SEJA BEM VINDO !

Este blog é para troca de informações, idéias e experiências na área da educação, conhecimento religioso e teológico.

"A PAZ DEVE SER O ALIMENTO DIÁRIO NA CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO MAIS JUSTO E SOLIDÁRIO !" (Jorcemar)



(Algumas imagens usadas no blog são retiradas da internet, se for de seu domínio e desejar que sejam retiradas favor entrar em contato pelo email:jbaduc@yahoo.com.br

domingo, 22 de maio de 2011

Domingo, 22 de maio de 2011, 15h10

Milagre leva à beatificação de Irmã Dulce

 Pedro Teixeira
Enviado especial a Salvador

http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=281842

As portas da obras social estão sempre abertas. Diante de milhares de internações, ciência e fé caminham juntas, se complementam. Um caso em especial chamou a atenção dos responsáveis pela causa de beatificação de Irmã Dulce.

Depois do parto, Cláudia Cristiane de Araújo teve hemorragia durante 16 horas, estava bem perto de morrer.

A pedido dos familiares da paciente, uma relíquia de Irmã Dulce foi levada às pressas para a sala de cirurgia. O sangramento cessou no exato instante em que a relíquia chegou à sala. Do ponto de vista da ciência não há como explicar o fato. Existem vários critérios para se considerar o que é ou não milagre. "Ser sobrenatural, ser imediato e instantâneo, e ser pela intercessão de Irmã Dulce. Dentro desses critérios, nós percebemos que o mais instantâneo foi esse milagre que foi utilizado na beatificação de Irmã Dulce", explica padre Alberto Montealegre.

O milagre foi investigado e aceito pelo Vaticano. Na manhã do dia 10 de dezembro de 2010, o Papa Bento XVI promulgou decreto que autorizava a beatificação de Irmã Dulce.

Bahia é o estado que correspondeu às expectativas de João Paulo II quando, em uma das visitas que fez ao Brasil, afirmou que o país precisava de mais santos. Salvador, a cidade que possui 365 igrejas, como que uma para cada dia, se prepara para celebrar a beatificação de Irmã Dulce. Uma festa tão grandiosa quanto a fé dos baianos.

O processo de beatificação de Irmã Dulce começou em 2000. Apesar de terem se passado dez anos, o coordenador de cerimônia da beatificação, padre Manoel Filho, considera que a beatificação ocorreu rapidamente.

Há processos de candidatos a santo no Brasil que aguardam reconhecimento da Igreja há séculos, como é o caso de Padre Anchieta. A beatificação dele demorou 363 anos para ser reconhecida. A cidade de todos os santos faz jus ao nome. Neste domingo, 22 de maio, milhares de fiéis de toda a Igreja se encherão de esperança para dar o último e definitivo passo que levará Irmã Dulce à glória dos altares.

Para o Cardeal Emérito Dom Geraldo Majella, o exemplo de Irmã Dulce estimula a santidade. "Desde mocinha ela teve aquele cuidado com os doentes e, sobretudo, com as pessoas muito pobres", destaca.

O coração de Irmã Dulce foi a porta aberta por Deus para acolher os mais carentes. Quem tiver olhos para ver, que veja.   

 

 

Irmã Dulce morreu em 13 de março de 1992, pouco tempo antes de completar 78 anos. A fragilidade com que viveu os últimos 30 anos da sua vida, com a saúde abalada seriamente - tinha 70% da capacidade respiratória comprometida - não impediu que ela construísse e mantivesse uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país, batendo de porta em porta pelas ruas de Salvador, nos mercados, feiras livres ou nos gabinetes de governadores, prefeitos, secretários, presidentes da República, sempre com a determinação de quem fez da própria vida um instrumento vivo da fé.

Segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes, professor da Faculdade de Odontologia, e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, ao nascer em 26 de maio de 1914 em Salvador, Irmã Dulce recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. O bebê veio ao mundo na rua São José de Baixo, 36, no bairro do Barbalho, na freguesia de Santo Antônio Além do Carmo. A menina Maria Rita foi uma criança cheia de alegria, adorava brincar de boneca, empinar arraia e tinha especial predileção pelo futebol - era torcedora do Esporte Clube Ypiranga, time formado pela classe trabalhadora e excluídos sociais que foi o primeiro a romper com o perfil elitista do esporte baiano no início do século XX.

Aos sete anos, em 1921, perde sua mãe Dulce, que tinha apenas 26 anos. No ano seguinte, junto com seus irmãos Augusto e Dulce (a querida Dulcinha), faz a primeira comunhão, na Igreja de Santo Antônio Além do Carmo. A sua vocação para trabalhar em benefício da população carente teve a influência direta da família, uma herança do pai que ela levou adiante, com o apoio decisivo da irmã, Dulcinha.

Aos 13 anos, o destemor e o senso de justiça, traços marcantes revelados quando ainda era muito novinha, faziam com que ela acolhesse mendigos e doentes, transformando a casa da família, na Rua da Independência, 61, no bairro de Nazaré, num centro de atendimento. É nessa época, em que sua casa ficou conhecida como ‘A Portaria de São Francisco’, tal o número de carentes que se aglomeravam à porta, que ela manifesta pela primeira vez o desejo de se dedicar à vida religiosa, após visitar com uma tia áreas onde habitavam pessoas pobres.

Em 8 de fevereiro de 1933, logo após a sua formatura como professora,Maria Rita entrava para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Pouco mais de um ano depois, em 15 de agosto de 1934, era ordenada freira, aos 20 anos de idade, recebendo o nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe.

A primeira missão de Irmã Dulce como freira foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação no bairro da Massaranduba, na Cidade Baixa, em Salvador. Mas, o seu pensamento estava voltado para o trabalho com os pobres. Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começa a atender também os operários que eram numerosos naquele bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do estado, que depois deu origem ao Círculo Operário da Bahia. Em 1937, funda, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup, o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas que ambos haviam construído através de doações - o Cine Roma, o Cine Plataforma e o Cine São Caetano. Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurava o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos de operários, no bairro da Massaranduba.

Nesse mesmo ano, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos, para abrigar doentes que recolhia nas ruas. Expulsa do lugar, ela peregrinou durante uma década, levando os seus doentes por vários lugares. Por fim, em 1949, Irmã Dulce ocupa um galinheiro ao lado do convento, após autorização da sua superiora, com os primeiros 70 doentes. A iniciativa deu origem à tradição propagada há décadas pelo povo baiano de que a freira construiu o maior hospital da Bahia a partir de um simples galinheiro. Já em 1959, é instalada oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce e no ano seguinte é inaugurado o Albergue Santo Antônio.

O incentivo para construir a sua obra, Irmã Dulce teve do povo baiano, de brasileiros dos diversos estados e de personalidades internacionais. Em 1988, ela foi indicada pelo então presidente da República, José Sarney, com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. Oito anos antes, no dia 7 de julho de 1980, Irmã Dulce ouviu do Papa João Paulo II, na sua primeira visita ao país, o incentivo para prosseguir com a sua obra.

Os dois voltariam a se encontrar em 20 de outubro de 1991, na segunda visita do Sumo Pontífice ao Brasil. João Paulo II fez questão de quebrar o rigor da sua agenda e foi ao Convento Santo Antônio visitar Irmã Dulce, já bastante debilitada, no seu leito de enferma. Cinco meses depois da visita do Papa, os baianos chorariam a morte do Anjo Bom. No velório, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, políticos, empresários, artistas, se misturavam a dor das milhares de pessoas simples, anônimas. Muitas delas, identificadas com o que poderíamos chamar do último nível da escala social, justamente para quem Irmã Dulce dedicou a sua obra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário