Carlos André Cavalcanti*
Para isso, começamos a colher assinaturas em um abaixo-assinado virtual que pode ser acessado por você pelo seguinte link: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=vidlicet
Lá, você encontrará as considerações que nos levam a esta proposta. A assinatura é fácil e rápida. Totalmente virtual. Sugiro que leia também o texto abaixo.
Um jornal local enviou-me perguntas para publicar a notícia do abaixo-assinado. Desta pequena entrevista, ficaram as questões com as minhas respostas, que reproduzo abaixo.
1. O que é o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, 21 de janeiro?
R. Foi criado pelo Presidente Lula em 2007. A data refere-se à morte de Mãe Gilda, Ialorixá do Terreiro Axé Abassá de Ogum, no Abaeté, em Salvador. Mãe Gilda morreu de enfarte após ver a sua foto publicada em um jornal de uma igreja neopentecostal. O terreiro dela havia sido invadido por integrantes desta igreja semanas antes. O objetivo da efeméride é ser um dia de conscientização da Cultura de Paz pela Diversidade Religiosa. É o Estado Nacional agindo para diminuir e dirimir a crescente Intolerância Religiosa que tem marcado a vida brasileira. Na Paraíba, o Dia foi “comemorado” pioneiramente em 2011 pelo nosso Grupo Videlicet Religiões, da UFPB, com o lançamento da Carta pela Harmonia entre as Religiões.
2. O que vem a ser tal Carta?
R. É uma referência ao Dia 21 e também à Semana pela Harmonia entre as Religiões da Organização das Nações Unidas - ONU, que é a primeira semana de fevereiro todos os anos. Este evento da ONU começou ano passado e nós fizemos a Paraíba marcar presença com esta Carta, que é um libelo assinado por cidadãos, lideranças políticas e instituições religiosas. A Carta pela Harmonia defende o respeito pela Laicidade republicana, ou seja, pelo direito de escolha religiosa ou atéia e pela inexistência de religião oficial no país.
3. O seu Grupo Videlicet está propondo a criação de um Comitê da Diversidade Religiosa na Paraíba. Qual a importância disso?
R. Exato! Estamos lançando um abaixo-assinado on-line pelo site Petição Pública para que o Governo da Paraíba, a exemplo do que fez o Governo Federal, crie um Comitê local da Diversidade Religiosa. Eu sou membro do Comitê Nacional da Diversidade Religiosa e quero trazer a experiência para o meu Estado. Posso afirmar a pertinência de um Comitê como este pela demanda cotidiana de combate à intolerância. Por exemplo: os cristãos entre si, com igrejas e denominações diversas, e as minorias religiosas, como as de tradição africana ou de orientação espírita, vivem um dia-a-dia de exclusões e, muitas vezes, de desrespeito aos Direitos Humanos. Em geral, a intolerância vem com o desconhecimento do outro. Promover o conhecimento mútuo entre religiões e religiosidades e propor políticas públicas pela Diversidade Religiosa são objetivos do Comitê nacional que devem vir para o da Paraíba. É a República garantindo o direito da livre expressão religiosa.
4. Que tipo de políticas públicas poderiam ser criadas a partir da criação desse Comitê?
R. Cito duas das muitas possíveis. A primeira é para cuidar dos jovens e crianças através da Escola. Atuar nas escolas através dos professores, principalmente no Ensino Religioso, que deve ser laico e não confessional. Nas escolas, apresentar a variedade das vivências religiosas e garantir espaço para que o aluno conheça todas sem preconceitos. A segunda é a realização de campanhas de conscientização para a retirada dos símbolos religiosos dos espaços públicos, como nos prédios da Justiça e na Assembléia Legislativa. O Estado é laico e não deve admitir o incentivo a nenhum credo, cristão ou não.
5. Como você vê a questão da intolerância religiosa na Paraíba, em especial na Capital?
R. Com muita preocupação. De um lado, somos constantemente procurados, enquanto Grupo de Pesquisa voltado para o estudo da Intolerância Religiosa, por pessoas das mais diversas confissões religiosas e por ateus. As pessoas nos procuram relatando o sofrimento delas com atos de preconceito. De outro lado, noto que as autoridades, com raras exceções, ainda não estão conscientes do problema. Ou seja, existe a demanda, mas as questões que envolvem religião são tratadas com desinteresse por quem deveria agir para coibia e penalizar os agentes da intolerância. O resultado é que a intolerância vai crescendo quase na impunidade. Recentemente, só para citar um exemplo, em um evento do Vifdelicet, Mãe Lúcia de Omidewá relatou publicamente diversos casos de intolerância que enfrenta cotidianamente. O que estamos esperando para combater isso? Será que a Paraíba vai precisar de uma morte, como ocorreu em Salvador, para tomar uma posição mais firme sobre o assunto? Eu espero que não e por isso estamos fazendo o abaixo-assinado virtual pela criação do Comitê da Diversidade Religiosa da Paraíba.
6. Você lembra algum caso de grande repercussão de intolerância em João Pessoa?
R. Sim! Cito o maior de todos na história recente da Paraíba. Nas eleições de 2010 a intolerância campeou no Estado e na Capital. Os candidatos disputavam para ver quem se apresentava melhor diante do eleitorado e, para isso, acusavam-se mutuamente de serem “demônios”. Há muitos relatos outros, só que pouco conhecidos do grande público.
7. Fale sobre o abaixo-assinado. Como será a promoção? Como ele vai circular?
R. Ele já pode ser acessado pelo site Petição Pública pela porta de entrada do site colocando a palavra Paraíba na busca ou pelo link (http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=vidlicet). Quem desejar maiores informações pode nos contatar-nos pelo e-mail: videlicet.ufpb@gmail.com. O lançamento será dia 21 através de mala direta on-line com os endereços que temos registrados, que são quase 2.000 e pelo Facebook. Será uma Campanha virtual, mas contará com outras atividades também. Presenciais, claro. Estamos muito otimistas.
*Prof.Dr. Carlos André Cavalcanti
Doutor em História
Professor Associado da Universidade Federal da Paraíba
Doutor em História
Professor Associado da Universidade Federal da Paraíba
História das Religiões