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Este blog é para troca de informações, idéias e experiências na área da educação, conhecimento religioso e teológico.

"A PAZ DEVE SER O ALIMENTO DIÁRIO NA CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO MAIS JUSTO E SOLIDÁRIO !" (Jorcemar)



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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Lançamento de livro do grupo Videlicet


O Grupo Videlicet está lançando, de hoje até o dia 2 de outubro, na VIII Bienal do Livro de Pernambuco, o livro Confissões da Bahia 1618-1620 com a documentação confissional inquisitorial completa da segunda Visitação do Tribunal do Santo Ofício às partes do Brasil. Trata-se de excelente análise e de ótima fonte documental para os que desejarem conhecer e/ou estudar a História da Intolerância Religiosa, seu imaginário e suas mentalidades. É livro para o público em geral, leitor das religiões, e para os que atuam academicamente em estudos sobre Religiões. A pesquisa para a obra, as listagens técnicas e a introdução são da Dra. Sonia Siqueira, fundadora dos estudos inquisitoriais no Brasil, que é professora da USP e da UFPB, além de membro do Grupo Videlicet desde a sua fundação, em 2006.

O livro, que é o 4º livro da Coleção Videlicet, pode ser comprado com preço de lançamento na VIII Bienal ou pelos seguintes links:

Site da Editora Ideia (com entrega nacional já inclusa no preço):
http://www.ideiaeditora.com.br/index.php?page=shop.product_details&category_id=4&flypage=flypage.tpl&product_id=55&option=com_virtuemart&Itemid=1&vmcchk=1&Itemid=1

Site Estante Virtual (livro novo com entrega nacional):
http://www.estantevirtual.com.br/osebocultural/Sonia-Siqueira-Confissoes-da-Bahia-1618-1620-14-52310735

 Aproveitamos para anunciar que o Videlicet iniciou a digitalização do importante Acervo Sonia Siqueira de documentos inquisitoriais. Professores e estudantes que desejarem participar deste novo Projeto, que também estamos lançando aqui, devem enviar e-mail com a sua solicitação para videlicet.ufpb@gmail.com

Ensino Religioso: uma experiência


Carlos André Cavalcanti¹


Na história recente – pelo menos desde o início da nossa República – o Ensino Religioso no Brasil foi marcado, naturalmente, pelo uso da pregação religiosa da maioria católica, que teve um papel determinante na trajetória da educação antes e depois da sua formalização. Antes, durante o período colonial, quando a escola pública como a conhecemos hoje ainda não existia, também o catolicismo prevaleceu: meio tridentino no litoral, meio reinventado no interior pelo povo dos sertões e brejos. Sertões  de poucos padres e poucas missas, mas de muitos beatos, orações, promessas, procissões, rezas e santos que o povo escolhe sem ter motivos para consultar Roma.
A república trouxe a pretensa separação entre Estado e Igreja. mas estudos recentes mostram que a influência católica ainda permanece forte, só que agora concorrendo com as dos evangélicos e neopentecostais.
A Lei 9.475, de 1997, esclareceu que o ensino religioso é parte integrante da formação básica do cidadão, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, “vedadas quaisquer formas de proselitismo”, e que “os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores”. Foi um passo para a promoção da tolerância e da diversidade religiosas no país. Recentemente tivemos a criação do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa: 21 de janeiro, que já foi objeto de evento pioneiro na Paraíba realizado pelo Grupo Videlicet neste ano de 2011.
O ensino religioso na escola pública deve tornar acessível aos alunos o conhecimento acumulado sobre a origem das diversas tradições religiosas e as bases científicas que analisam o fenômeno religioso em si nos mais diferentes povos ao longo de toda a História, sem interferir na opção religiosa individual e respeitando o caráter didática na transmissão de seus conteúdos.
Os atuais Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) estabelecem que o Ensino Religioso compreende a sistematização do fenômeno religioso a partir das raízes das diversas tradições religiosas (orientais, ocidentais, ameríndias e africanas). É  instrumento de apoio no processo de apropriação de conhecimentos para os quadros do magistério público, dentro das expectativas sociais vigentes de assumir sua responsabilidade constitucional na construção de uma sociedade mais justa e humana.
A comunidade universitária tem um papel específico no apoio a este projeto de realizar o que está previsto na lei. A nossa experiência em 2008 na coordenação da Formação Continuada dos docentes da Prefeitura Municipal de João Pessoa serve como exemplo do papel que podemos e devemos ter.
As aulas de formação dos docentes foram realizadas com intenso debate com os professores da rede municipal sobre suas dificuldades metodológicas e suas necessidades pedagógicas. Estes debates originaram um levantamento das situações-problema, com discussões sobre a atuação adotada e as soluções encontradas por cada professor, com sugestões dos outros colegas para os problemas de cada unidade. Foram seis meses de atuação proveitosa e construtiva. Como é da “natureza” da área, encontramos como adversidade a presença ainda – mesmo que minoritária – do ensino religioso de caráter “pregacional” ou até prosélito. Mesmo que tais dificuldades tenham surgido explicitamente de forme muito minoritária, consideramos que a função pedagógica de tais reações serviu para o amadurecimento da nossa equipe de tutores.
A identidade grupal e o fortalecimento individual do professor como profissional do Ensino Religioso foram acentuados positivamente!
Especificamente quanto à percepção dos conceitos científicos essenciais em Ciências das Religiões, como os de mito (no sentido antropológico), sacralidade, profano, experiência transcendental ou das descobertas científicas da área de Saúde em Psiconeuroimunoendocrinologia – acerca do fenômeno religioso e das emoções –, houve interesse e aceitação por parte dos professores na apreciação abstrata dos temas, mas não ocorreu com a mesma intensidade a apreciação da interação excludente da religiosidade pessoal com tais conteúdos em aula. Houve, por exemplo, recusa por parte de um setor do grupo da classificação antropológica mítica da Virgem Maria e histórico-mítica de Jesus de Nazaré. Tais mitos são contundentemente defendidos por alguns colegas como personagens e vivências necessariamente “reais” e “históricos”. Nota-se que ainda há, para muitos, carência e/ou recusa de formação científica. Trata-se de situação que demanda solução outra, para além dos atos pedagógicos da Formação Continuada, posto que a veiculação de tal conteúdo fere a LDB e a própria Constituição.
Nota-se que é necessário continuar trabalhando a tolerância e a alteridade como caminhos para o Estudo das Religiões nos Ensinos Fundamental e Médio. 

Este artigo foi enviado pelo Prof. Dr. Carlos André Cavalcanti 
Doutor em História
Professor Associado da Universidade Federal da Paraíba
História das Religiões
Líder do Grupo Videlicet de Estudos em Religiões, Intolerância e Imaginário 

domingo, 25 de setembro de 2011

A BUSCA DO SIGNIFICADO DO SER PROFESSOR DE ENSINO RELIGIOSO EM JOÃO PESSOA/PB



Eixo Temático 7: Educação, Cultura e Religião

RESUMO


Na tentativa de compreender as vivências mais significativas na trajetória de vida de
professores, evidenciando como aconteceu a escolha profissional e a construção desse
processo de ser professor de ensino religioso no contexto da cidade de João Pessoa PB, neste
artigo, procurar-se-á apresentar uma pesquisa em andamento, com iniciativas levantadas pelo
Coordenado do projeto o Profº. Dr. Marinilson Barbosa da Silva. O trabalho está sendo
realizado tomando como base investigações bibliográficas e análise de vivências. Utilizando
como principal meio a fenomenologia que ajudará na compreensão de uma identidade
especifica para construir uma identidade e um significado de ser professor de ER. Assim,
confrontaremos o conhecimento teórico com o prático e buscaremos analisar essas vivências e
assim encontrar o significado do ser professor de ensino religioso.

Palavras- chave: Ensino Religioso, Formação de Professores, Fenomenologia


Este artigo foi apresentado no  V colóquio internacional " educação e contemporâneidade" realizado em São Cristovão/ SE- 21 a 23 de  setembro


Os graduandos da -UFPB -responsáveis pelo artigo :

Neusiana Vieira Fernandes - Graduanda do Curso de Pedagogia da UFPB e participante do
Grupo de Pesquisa FIDELID, do programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do PROLICEN também vinculado ao Programa de
Ciências das Religiões da UFPB. E-mail: neusianavf@hotmail.com.

Lidiane Nayara Nascimento dos Santos - Graduanda do Curso de Pedagogia da UFPB e
participante do Grupo de Pesquisa FIDELID, do programa de Pós-Graduação em Ciências das
Religiões da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do PROLICEN também vinculado ao
Programa de Ciências das Religiões da UFPB. E-mail: liddynaysp@hotmail.com.

Thalisson Pinto Trindade de Lacerda - Graduando do Curso de Ciências das Religiões e
participante do Grupo de Pesquisa FIDELID, do programa de Pós-Graduação em Ciências das
Religiões da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do PROLICEN também vinculado ao
Programa de Ciências das Religiões da UFPB. E-mail: thalisson_pinto@hotmail.com.


OS NOSSOS PARABÉNS A TODOS, EM ESPECIAL QUERO DESTACAR  THALISSON NOSSO COLEGA DO CURSO DE CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES.

 Exemplo de  quem veio de longe, lá do interior da Paraíba e esta se esforçando, batalhando, lutando e estudando muito para ser um futuro professor

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Discurso do Papa a representantes da comunidade judaica em Berlim




Ilustres Senhoras e Senhores!
Sinto-me feliz por ter este encontro convosco aqui em Berlim. De coração agradeço ao Presidente, Dr. Dieter Graumann, as amáveis palavras de boas-vindas. Elas manifestam quanto cresceu a confiança entre o povo judeu e a Igreja Católica, que têm em comum uma parte não irrelevante das suas tradições fundamentais. Ao mesmo tempo, todos nós sabemos bem que uma comunhão benévola e compreensiva entre Israel e a Igreja, no mútuo respeito pelo ser do outro, deve crescer mais e há-de ser incluída profundamente no anúncio da fé.

Há seis anos, durante a minha visita à Sinagoga de Colônia, o rabino Teitelbaum falou da memória como de uma das colunas que precisamos para fundar sobre elas um futuro pacífico. E, hoje, encontro-me num lugar central da memória, de uma memória pavorosa: a partir daqui foi projectada e organizada a Shoah, a eliminação dos concidadãos judeus da Europa.

Na Alemanha, antes do terror nazista, vivia aproximadamente meio milhão de judeus, que constituíam uma componente estável da sociedade alemã. Depois da II Guerra Mundial, a Alemanha foi considerada como o “País da Shoah”, onde fundamentalmente já não se podia viver. Ao início, quase não havia qualquer esforço para fundar novamente as antigas comunidades judaicas, embora chegassem continuamente do Leste indivíduos e famílias de judeus. Muitos deles queriam emigrar e construir uma nova existência sobretudo nos Estados Unidos ou em Israel.

Neste lugar, é igualmente necessário trazer à memória o pogrom da “noite dos cristais”, de 9 para 10 de Novembro de 1938. Poucas foram as pessoas que perceberam toda a dimensão daquele ato de desprezo humano como o percebeu o arcipreste da Catedral de Berlim, Bernhard Lichtenberg, que, do púlpito da Catedral de Santa Edvige, gritou: “Fora o Templo está em chamas; também isso é uma casa de Deus”. O regime de terror do nacional-socialismo baseava-se num mito racista, do qual fazia parte a rejeição do Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, do Deus de Jesus Cristo e das pessoas que acreditavam Nele.

O “onipotente” Adolf Hitler era um ídolo pagão, que queria colocar-se como substituto do Deus bíblico, Criador e Pai de todos os homens. Com a recusa do respeito a este Deus único, perde-se sempre também o respeito pela dignidade de homem. E do que seja capaz o homem que recusa Deus e qual semblante possa assumir um povo no “não” a tal Deus, no-lo revelaram as horríveis imagens que chegaram dos campos de concentração no fim da guerra.

Face a esta memória, há que constatar com gratidão que, desde há algumas décadas, se manifesta um novo desenvolvimento a propósito do qual se pode inclusive falar duma reflorescência da vida judaica na Alemanha. Deve-se destacar que, neste período, a comunidade judaica tornou-se benemérita particularmente na obra de integração de imigrados do Leste europeu.

Com vivo apreço, quero aludir também ao diálogo da Igreja Católica com o judaísmo, um diálogo que se vai aprofundando. A Igreja sente uma grande proximidade com o povo judeu. Com a Declaração Nostra aetate do Concílio Vaticano II, começou-se ”a percorrer um caminho irrevogável de diálogo, de fraternidade e de amizade” (cf. Discurso na Sinagoga de Roma, 17 de Janeiro de 2010).

Isto vale para a Igreja Católica inteira, na qual o Beato Papa João Paulo II se empenhou de modo particularmente intenso em favor deste novo caminho. Isto vale obviamente também para a Igreja Católica na Alemanha, que está bem ciente da sua responsabilidade particular nesta matéria. No âmbito público, destaca-se sobretudo a “Semana da fraternidade”, que é organizada cada ano, na primeira semana de Março, pelas associações locais para a colaboração judaico-cristã.

Da parte católica, temos ainda encontros anuais entre Bispos e Rabinos, bem como colóquios organizados com o Conselho Central dos Judeus. Já nos Anos Setenta, o Comité Central dos Católicos Alemães (ZdK) se distinguiu com a fundação dum fórum “Judeus e Cristãos”, que, no decorrer dos anos, produziu de modo competente muitos documento úteis. Depois, não se deve descurar o histórico encontro para o diálogo judeo-cristão de Março de 2006, com a participação do Cardeal Walter Kasper. Este encontro tem produzido muitos frutos até hoje.

A par destas louváveis iniciativas concretas, parece-me que nós, cristãos, devemos consciencializar-nos sempre mais do nosso parentesco interior com o judaísmo. Para os cristãos, não pode haver uma quebra no evento salvífico.

A salvação vem precisamente dos judeus (cf. Jo 4, 22). Sempre que o conflito de Jesus com o judaísmo do seu tempo é visto superficialmente como uma separação da Antiga Aliança, acaba-se por reduzi-lo a uma ideia de libertação que considera a Torah somente como a observância servil de ritos e prescrições exteriores. Mas, de fato, o Sermão da Montanha não abole a Lei mosaica, mas desvenda as suas possibilidades escondidas e faz surgir novas exigências; remete-nos para o fundamento mais profundo do agir humano, para o coração, onde o homem escolhe entre o puro e o impuro, onde se desenvolvem fé, esperança e amor.

A mensagem de esperança, que os livros da Bíblia hebraica e do Antigo Testamento cristão transmitem, foi assimilada e desenvolvida de modo diverso por judeus e cristãos. “Depois de séculos de contraposição, reconhecemos como nossa tarefa fazer com que estes dois modos de nova leitura dos escritos bíblicos – o cristão e o judaico – dialoguem entre si, para se compreender retamente a vontade e a Palavra de Deus” (Jesus de Nazaré – Parte II: Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição, p. 38).

Numa sociedade cada vez mais secularizada, este diálogo deve reforçar a esperança comum em Deus. Sem tal esperança, a sociedade perde a sua humanidade. No fim de contas, podemos constatar que o intercâmbio entre a Igreja Católica e o judaísmo na Alemanha produziu já frutos prometedores. Relações duradouras e confiantes se desenvolveram. Certamente, judeus e cristãos têm uma responsabilidade comum no progresso da sociedade, a qual possui sempre também uma dimensão religiosa. Possam todos os interessados continuar juntos este caminho. Para isso, o Único e o Onipotente – Ha Kadosch Baruch Hu – conceda a sua Bênção.

sábado, 17 de setembro de 2011

PALESTRA NO PROJOVEM




Esta semana estive no Centro de Cidadania no bairro de Cruz das Armas, proferindo uma palestra sobre diversidade religiosa, muito boa a experiência de poder falar para jovens carentes que participam do programa projovem, o interesse deles de querer saber um pouco a respeitode religião. Muitos não tem uma religião definida e ao perguntar a eles, os mesmos respoderam que acreditavam em Deus mas não participavam de algum segmento religioso. Apenas 10% dos participantes é que tinham uma religião definida. foi muito gratificante mesmo a experiência  e pude verificar também que os mesmos ficaram interessados nos contos míticos que contei , assim pude perceber que estes contos ao serem colocados para os jovens eles podem fazer uma reflexão da sua vida e ajudar na transformação do meio em que vivem.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

 Confiram a entrevista do Prof. Dr.Deyve Redyson no Programa Religare
(PUC-MG) em Belo Horizonte em Agosto deste ano, ele fala sobre
filosofia da religião








http://www.youtube.com/watch?v=1fgiV2kuJ_k

http://www.youtube.com/watch?v=Wk8fNWvoiDg

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sobre o livro Pernambuco Afortunado: da Nova Lusitânia a Nova Economia do Prof.Dr. Carlos André

O  livro "Pernambuco Afortunado: da Nova Lusitânia a Nova Economia", de 2006, está on-line gratuitamente.  o texto principal do livro está  completo numa seqüência de pdfs que você pode baixar pela ordem dos capítulos, este livro feito pelo Prof.Dr. Carlos André é ótimo e recomendo a todos, principalmente pela generosidade do professor de colocar a disposição de todos para ser baixado, pois o mesmo saiu com um preço elevado e muitos de nós nao teriamos condições de comprar o livro. Abaixo cito a introdução do livro :




Introdução

Dentre as inúmeras maneiras que a análise de uma trajetória
possibilitaria marcar o percurso histórico de Pernambuco, a
escolhida para a presente obra foi aquela que privilegia a divisão
desse percurso em cinco “tempos”.
O primeiro deles, a que se deu o título de Dois Projetos
Ambiciosos
, diz respeito aos primórdios do período colonial e
aos dois projetos, ao mesmo tempo ambiciosos e malogrados,
de recriar nos trópicos um Novo Portugal e uma Nova Holanda.

A partir do esforço de expulsão dos invasores arquitetos
do segundo projeto de recriação é que se marca o seguinte tempo
da trajetória histórica, aqui chamado de O Rugido do Leão
do Norte
, que se fez ouvir em decorrência do orgulho da
restauração da terra aos seus “legítimos” donos e que plasma a
construção da sociedade, dando os contornos da própria identidade
cultural pernambucana.
A força da economia açucareira, testemunha recorrente da
história do Estado, irá dar os contornos do terceiro tempo
histórico, justamente aquele que se intitulou A Industrialização
e a Terceira Capita
l, que se inicia com o Abolicionismo, que
teve em Pernambuco, mais precisamente no Recife e, mais
precisamente ainda, no Teatro de Santa Isabel (local onde,
segundo Joaquim Nabuco, “foi ganha a causa da Abolição”), seu
palco privilegiado. Foi o tempo que viu surgir a usina e a
tecelagem e que testemunha a entrada de Pernambuco na
Revolução Industrial, bem como a ascensão do Recife ao posto
de “terceira capital do Brasil”.
O quarto tempo, aquele que abrange, precisamente, a segunda
metade do século XX, A Perda de Espaço, é o que testemunha a
efervescência política no Estado antes e depois do movimento
militar de 1964 e a persistente perda de participação relativa de
Pernambuco na economia do Nordeste, embora praticamente
mantendo a participação relativa no PIB do Brasil. Típico do final
desse tempo é o que se chamou de “baixo-astral” relativo às
alternativas de futuro e desenvolvimento para o Estado.

O quinto e último tempo histórico, O Porto da Nova
Economia
, é aquele que testemunha uma perspectiva ímpar
que se coloca para Pernambuco no limiar do novo século e da
economia do conhecimento, que é o cruzamento das vocações
históricas decorrentes de sua trajetória afortunada com as
oportunidades potencializadas pelos três “portos do futuro”: o
do conhecimento, o de Suape e o Digital.

 voces podem acessar no link abaixo :
 
http://www.intg.org.br/teste/afortunado/home/index.asp


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Oração na escola: é legal?




Carlos André Cavalcanti
e Elcio Cecchetti

O uso de orações cristãs no ato de acolhimento dos alunos antes do início das aulas, em escolas públicas de Brasília, virou polêmica. As escolas foram denunciadas por pais que discordam do ato religioso no ambiente escolar. Que bom que virou polêmica! O Brasil precisa mesmo debater o assunto. Porém, a polêmica por si só, amplamente veiculada pela mídia, não basta! Precisa-se de mais informações.

Nas matérias veiculadas pela imprensa, surgem os equívocos comuns no Brasil quando se debate este assunto. O primeiro a ser destacado é aquele que alega que falar no deus cristão e agradecer a ele pelo parquinho não é um direcionamento religioso. É óbvio que é. Não existe o tal “deus de todas as religiões”. Há muitas religiões sem deuses e outras com muitos deuses!!!! Como também não se sustenta o argumento de que a crença no deus cristão é apenas algo da cultura.... algo inofensivo. Sob a pretensa neutralidade cultural há uma renhida disputa por hegemonias religiosas, com clérigos que exercem o seu poder sobre a sociedade. Só que há também o direito individual dos que não desejam seguir estas hierarquias de fé, celestes e/ou terrenas.

Mesmo que a maioria dos pais concorde com a presença da religião na escola, ela não deve ser mantida, pois isso agrediria o direito de liberdade religiosa dos que discordam. Como ficaria a expressão na escola, por exemplo, das ricas tradições indígenas e afro-brasileiras, nascidas fora do cristianismo? E as comunidades judaicas e muçulmanas, além de muitas outras? O melhor caminho é evitar o “religiosismo” e respeitar a laicidade da escola.

Ora, se a pretensa inocência e neutralidade do culto ao deus cristão não existe, tornar a escola um palco religioso é uma afronta, ainda que possa ter sido feita de forma inconsciente da parte dos que assim agiram com possíveis boas intenções.

A dubiedade do Estado brasileiro no trato de temas religiosos é o que desnorteia a sociedade. O Ensino Religioso, por exemplo, foi confundido na mídia com as orações realizadas pelos professores das escolas denunciadas. Difundi-se a falsa idéia de que Ensino Religioso é igual à pregação religiosa. Isso é falso. Além disso, orações feitas no acolhimento não são, em princípio, parte de nenhuma disciplina.

O Ensino Religioso é um componente do currículo das escolas públicas, situado no âmbito da educação sistemática e formal, regida pela legislação brasileira. Está inserido no contexto da educação, tanto pela Constituição Federal de 1988, quanto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 de 20/12/1996. Este ensino é ministrado com base nos objetivos da formação básica do cidadão, no contexto de uma sociedade cultural e religiosamente diversa, na qual todas as crenças e expressões religiosas devem ser respeitadas.

Este Ensino Religioso não deve ser entendido como ensino de uma religião ou das religiões na escola, mas sim o conhecimento dos elementos básicos que compõem o fenômeno religioso, a partir das experiências religiosas percebidas no contexto dos educandos, buscando disponibilizar esclarecimentos sobre o direito à diferença, valorizando a diversidade cultural religiosa presente na sociedade, no constante propósito de promoção dos direitos humanos.

O estudo do fenômeno religioso na escola pública e laica, a partir de pressupostos científicos, visa à formação de cidadãos críticos e responsáveis, capazes de discernir a dinâmica dos fenômenos religiosos, que perpassam a vida em âmbito pessoal, local e mundial. As diferentes crenças, grupos e tradições religiosas, bem como a ausência delas, são aspectos da realidade que devem ser socializados e abordados como dados antropológicos e sócio-culturais, capazes de contribuir na interpretação e na fundamentação das ações humanas.

O FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso, entidade privada não-religiosa, que congrega docentes da área que defendem a diversidade religiosa e a laicidade da escola pode e deve ser chamado para debater situações como esta.

O combate à Intolerância Religiosa na escola passa, então, por um Ensino Religioso laico, plural e baseado na(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões). A escola deve ser espaço da pluralidade religiosa apenas nas aulas do Ensino Religioso. No ato do acolhimento não deve haver religião. 




Material enviado pelo Prof.Dr. Carlos André Cavalcanti
Doutor em História
Professor Associado da Universidade Federal da Paraíba
História das Religiões